ARTIGO ORIGINAL: METSULMeteorologia
(Professor Eugenio Hackbart)
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Tempestades podem
ter ajudado na cadeia de eventos desastrosos a selar o destino do Boeing 777 da
empresa Malaysia Airlines com 298 pessoas, provavelmente abatido por um míssil
terra-ar a Leste de Donetsk, perto da fronteira da Rússia com a Ucrânia, na
quinta-feira. A aeronave fazia rota cerca de 300 a 400 quilômetros ao Norte da
percorrida pelo mesmo voo nos dez dias anteriores, conforme dados de sites de
tráfego aéreo. Ora, por que o piloto da empresa malaia optou por rota tão ao
Norte que colocou a aeronave numa zona de alto risco e diferente da inicial
prevista no plano de voo aprovado na Holanda ?
Há várias alternativas para a trajetória ao Norte, mas
a mais provável é de uma grande simplicidade em aviação. A tripulação do voo
MH17 teria optado por desviar de mau tempo. As imagens de satélite e de sensores
de raios coletadas pela MetSul Meteorologia das três horas anteriores ao
desastre mostravam temporais ao Sul e ao
Norte da região de Donetsk É possível, assim, que em razão da segurança do voo,
o piloto tenha optado por desviar de tempestades sem imaginar que estava
entrando numa área sem risco meteorológico, mas conflagrada e com ameaça muito
pior em solo. Observe nas ilustrações abaixo a rota do MH17 (linha em vermelho)
no dia do desastre e a percorrida pelo mesmo voo nos dias anteriores. Atente
ainda na imagem inferior para a incidência de raios sobre o Sul da Ucrânia, onde
o voo havia passado nos outros dias.
A rota decidida pelo piloto do MH17 era legítima,
legal e dentro dos regulamentos. Algumas empresas aéreas, como a australiana
Qantas, tinham decidido por conta há semanas não sobrevoar esta região onde
ocorreu o desastre, mas inexistiam restrições para aquele nível de voo na
aerovia. Quando ocorreu a tragédia, o MH17 estava a 33 mil pés de altitude
(FL330). Havia proibição de voos comerciais por parte do controle de tráfego
ucraniano até 32 mil pés (FL320) a partir de um NOTAM (Notice to Airmen) emitido
em 14 de julho. Logo após o desastre que se deu a proibição com altitude
ilimitada (UNL).
Pode se questionar a decisão das autoridades de Kiev
de terem liberado voos se sabendo que mísseis terra-ar operados na região
poderiam atingir altitudes muito superiores as que eram permitidas, mas não a do
piloto que voava dentro de altitude autorizada pelo controle local e sem
restrição do órgão regulador internacional. Tanto que no mesmo dia aviões de
outras empresas aéreas sobrevoaram a mesma área. No dia anterior ao desastre,
cerca de 400 voos comerciais cruzaram o Leste da Ucrânia, sendo 150 voos
internacionais. A Eurocontrol destacou que na véspera 75 diferentes empresas
voaram a mesma rota do MH17. Na hora da tragédia, o Singapore Airlines SQ351
(B777) e o Air India AI113 (B787) estavam bem próximos do MH17.
Solicitar alterações de rota por mau tempo é comum.
Pilotos tendem a evitar mau tempo. Em 1977, avião da Southern Airways sofreu
acidente com 72 mortos ao perder os dois motores ao passar por uma tempestade de
granizo. Recentemente, em 2009, o voo 447 da Air France entre o Rio de Janeiro e
Paris caiu após passar por tempestade. Os tubos pitot que indicam a velocidade
do avião falharam com o gelo, o que levou a uma série de erros da tripulação e à
queda do avião com 228 mortos. Semelhante ao que ocorreu com o Austral 2553 que
caiu no Uruguai ao enfrentar temporais, com 74 mortos em
1997.
Professor Eugenio Hackbart
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Fonte (Textos e imagens): MetSulMeteorologia
1 comentário:
Muito cedo para tirar conclusões. E ainda ninguém falou noutras hipóteses que eventualmente possam ter contribuído para o acidente, por exemplo um atentado bombista dentro do próprio avião… Já repararam que até agora não há ninguém que tenha visto o míssil? E a lista completa de passageiros, aonde está? Inicialmente havia passageiros americanos e agora já não há nenhum?
Ah, não esquecer que estamos no Ocidente; embora sintonize os canais de televisão russos em minha casa, não entendo nada de russo… Gostaria de ter acesso “livre” vinda do outro lado.
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