As emissões de gases causadores do efeito estufa em 2020
podem chegar a 9 mil milhões de toneladas acima do que é necessário para
limitar o aquecimento global, uma vez que alguns países devem deixar de cumprir
as suas metas de corte, mostrou um relatório feito por três grupos de pesquisa
climática.
Os países concordaram que os cortes profundos das emissões
são necessários para limitar o aumento da temperatura média global a 2 graus Célsius
neste século acima dos níveis pré-industriais, um limite que os cientistas
dizem que é o mínimo necessário para restringir efeitos climáticos
devastadores. Eles acreditam que o limite de 2 graus só será possível se os
níveis de emissão forem mantidos a cerca de 44 mil milhões de toneladas de
dióxido de carbono equivalente em 2020.
O relatório da organização não-governamental Climate
Analytics, da consultoria Ecofys e do Instituto Potsdam para Pesquisa do
Impacto Climático apontou que muitos governos não estão a implementar políticas
para cumprir os seus compromissos de redução de emissões para 2020, e poderão
aumentar em vez de diminuir a diferença entre as emissões reais e o que é
necessário para limitar o aquecimento. Os negociadores de mais de 180 países
estiveram reunidos em Bona, na Alemanha, para trabalhar no sentido de fazer um
novo pacto climático global ser assinado até 2015 e garantir que as reduções
ambiciosas das emissões sejam feitas depois do Protocolo de Quioto expirar no
final deste ano. Contudo, disputas processuais e uma relutância em aumentar o
nível de redução das emissões devido às restrições económicas estão a ameaçar
um progresso.
"É claro que muitos governos estão longe de colocar em
prática as políticas a que eles comprometeram-se, políticas que não são
suficientes para manter o aumento de temperatura abaixo de 2 graus", disse
Bill Hare, director da Climate Analytics. "Nós já identificamos uma grande
diferença nas emissões e as medidas tomadas provavelmente não devem diminuir
essa lacuna, na verdade, parece que o oposto está a acontecer",
acrescentou.
O planeta está a dirigir-se para um aumento de temperatura
de pelo menos 3,5 graus, mas que pode ser ainda maior se as promessas para 2020
não forem cumpridas, advertiu o relatório. "Haveria efeitos bastante
profundos nos países em desenvolvimento", disse Hare a repórteres. "E
haveria um grande impacto na Europa, com ondas de calor extensas, escassez de
água e... riscos à saúde que não vimos antes."
Mesmo se os governos adoptarem as promessas de corte de
emissões mais ambiciosas e fizerem uso de uma responsabilidade muito rigorosa,
a diferença das emissões diminuiria apenas para 9 mil milhões de toneladas,
disse o relatório. A previsão é equivalente ao máximo de algumas estimativas
anteriores.
Em Novembro passado, o Programa de Meio Ambiente das Nações
Unidas disse que as emissões em 2020 poderiam subir para entre 6 e 11 mil milhões
de toneladas acima do que é necessário para limitar o aquecimento global,
dependendo de quão rigorosamente as políticas fossem aplicadas. "A maioria
das políticas que analisamos ainda não são suficientemente concretas para ser
quantificadas, ainda não foram implementadas e/ou ainda não são suficientemente
ambiciosas para garantir que os países atinjam as suas promessas. Esta é uma
tendência preocupante", disse Niklas Höhne, director de Energia e Política
Climática na Ecofys.
Alguns grandes emissores não estão no caminho de cumprir as
suas promessas. Embora os Estados Unidos esperem reduzir as emissões em 2020,
isto deve-se principalmente ao impacto da crise económica e a uma mudança do
carbono pesado para o gás natural mais limpo.
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Fonte: Jornal Verdade
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