O estado do tempo em Portugal Continental está a ser
influenciado pela chega à Península Ibérica, desde o passado Domingo, de uma
intrusão em altura de ar muito frio que desceu das regiões polares (FIGURA 1).
As temperaturas rondam os 25 a 30 negativos aos 500 hPa (aproximadamente 5500
metros de altitude). Esta intrusão de ar muito frio tenderá a ficar isolada do
ar frio das regiões polares e a formar um núcleo separado, centrado sobre a
Península Ibérica, girando no sentido contrário aos ponteiros do relógio (FIGURA
2).
A presença de ar muito frio em altura aumenta imenso a
diferença de temperatura entre a camada de ar da atmosfera em contacto com a
superfície terrestre e as camadas de ar da atmosfera em altitude, desencadeando
assim movimentos ascendentes de massas de ar porque o ar mais quente é mais leve
e tende a subir (na atmosfera, o ar está mais quente, logo mais leve, junto à
superfície terrestre e mais frio, logo mais pesado, em altitude). Este contraste
é mais notório nos bordos (margens exteriores) dos núcleos de ar frio, dando
origem à formação de núcleos de baixas pressões (depressões), associadas a
estados de tempo nebuloso e com precipitação. Assim, hoje temos a aproximação,
ao noroeste da Península Ibérica, de um centro de baixas pressões que, em
deslocamento contrário dos ponteiros do relógio, gira sobre o centro da
Península Ibérica (FIGURA 3).
Este centro de baixas pressões que hoje está no
noroeste da Península Ibérica tenderá a contornar a península ao longo da costa
ocidental, até amanhã se centrar a sudoeste do Cabo de São Vicente (Sagres). O
posicionamento do centro de baixas pressões originará o aumento da nebulosidade
e ocorrência de precipitação, inicialmente no Minho e Douro Litoral e
estendendo-se progressivamente a todo o território de Portugal Continental ao
longo do dia de hoje, sendo mais afectadas as regiões do litoral oeste onde as
precipitações poderão ser fortes e acumularem elevados valores. O vento rodará
para o quadrante sul, tornando-se moderado a forte, com rajadas, sobretudo no
litoral e terras altas, e a temperatura do ar irá subindo progressivamente (os
ventos de sul arrastam ar mais quente). Nevará nas terras altas das regiões do
norte e centro, com a cota de neve subindo
progressivamente.
O
deslocamento do centro de baixas pressões para o sudoeste da Península Ibérica
forçará a entrada de ar mais húmido sobre o sul do continente, pelo que para
amanhã ocorrerá um aumento da intensidade da precipitação nas regiões do centro
e do sul (FIGURA 4).
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