quinta-feira, 24 de novembro de 2016

5985. Porque está tanto frio e há avisos de temporal ?





O estado do tempo em Portugal Continental está a ser influenciado pela chega à Península Ibérica, desde o passado Domingo, de uma intrusão em altura de ar muito frio que desceu das regiões polares (FIGURA 1). As temperaturas rondam os 25 a 30 negativos aos 500 hPa (aproximadamente 5500 metros de altitude). Esta intrusão de ar muito frio tenderá a ficar isolada do ar frio das regiões polares e a formar um núcleo separado, centrado sobre a Península Ibérica, girando no sentido contrário aos ponteiros do relógio (FIGURA 2).
A presença de ar muito frio em altura aumenta imenso a diferença de temperatura entre a camada de ar da atmosfera em contacto com a superfície terrestre e as camadas de ar da atmosfera em altitude, desencadeando assim movimentos ascendentes de massas de ar porque o ar mais quente é mais leve e tende a subir (na atmosfera, o ar está mais quente, logo mais leve, junto à superfície terrestre e mais frio, logo mais pesado, em altitude). Este contraste é mais notório nos bordos (margens exteriores) dos núcleos de ar frio, dando origem à formação de núcleos de baixas pressões (depressões), associadas a estados de tempo nebuloso e com precipitação. Assim, hoje temos a aproximação, ao noroeste da Península Ibérica, de um centro de baixas pressões que, em deslocamento contrário dos ponteiros do relógio, gira sobre o centro da Península Ibérica (FIGURA 3).
Este centro de baixas pressões que hoje está no noroeste da Península Ibérica tenderá a contornar a península ao longo da costa ocidental, até amanhã se centrar a sudoeste do Cabo de São Vicente (Sagres). O posicionamento do centro de baixas pressões originará o aumento da nebulosidade e ocorrência de precipitação, inicialmente no Minho e Douro Litoral e estendendo-se progressivamente a todo o território de Portugal Continental ao longo do dia de hoje, sendo mais afectadas as regiões do litoral oeste onde as precipitações poderão ser fortes e acumularem elevados valores. O vento rodará para o quadrante sul, tornando-se moderado a forte, com rajadas, sobretudo no litoral e terras altas, e a temperatura do ar irá subindo progressivamente (os ventos de sul arrastam ar mais quente). Nevará nas terras altas das regiões do norte e centro, com a cota de neve subindo progressivamente.
O deslocamento do centro de baixas pressões para o sudoeste da Península Ibérica forçará a entrada de ar mais húmido sobre o sul do continente, pelo que para amanhã ocorrerá um aumento da intensidade da precipitação nas regiões do centro e do sul (FIGURA 4).

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