O
pirocumulonimbo nunca tinha sido registado duas vezes no mesmo país nem no
mesmo ano e pode ser o fenómeno raro e brutal que mostra como os incêndios no
Centro de Portugal, a 15 de outubro, foram tão devastadores.
Segundo a TSF, pelo menos um dos incêndios de
15 de outubro pode ter formado um fenómeno raro que até agora, na Europa, só
tinha acontecido em Pedrógão Grande: um pirocumulonimbo, isto
é, uma tempestade causada pelo próprio incêndio.
Em declarações à
rádio, Paulo Fernandes, doutorado em Ciências Florestais e
Ambientais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e um dos
peritos da Comissão Técnica Independente, explica que este fenómeno é, na
prática, “uma enorme nuvem de fumo criada por um incêndio que sobe muitíssimo
alto na atmosfera e que, ao encontrar uma zona fria, pode causar um
downburst, além de relâmpagos e trovões que dão origem a outras
ignições”.
Um fenómeno raro
que nunca tinha sido registado duas vezes no mesmo país e no
mesmo ano e que pode ter funcionado como catalisador dos fogos na zona Centro
(pelo menos é isso que apontam os relatos de quem estava no local, imagens da
atmosfera e fotografias). Ao Observador, o investigador explica
que é preciso uma grande quantidade de biomassa para arder, um teor de humidade
muito baixo, ventos muito fortes e um terreno inclinado: condições que estavam
reunidas nesse fatídico dia 15 de outubro.
Para o professor
da UTAD, será esta tempestade pirocumulonimba que, conjugada com a passagem
do furacão Ophelia, terá feito a devastação provocada pelos dois
maiores incêndios, entre a Sertã e Mangualde e entre a Lousã e Tondela. De acordo com o
investigador, “um incêndio florestal típico não causa aquela destruição”, sendo
necessário para isso acontecer “vento forte, com projeções a grande
distância de materiais incandescentes”.
Carlos
Fonseca, outro elemento da Comissão Técnica Independente e
investigador na área da conservação da natureza, conta à rádio que também andou
no terreno a combater as chamas junto da sua propriedade e que nunca tinha
visto aquela dimensão. Eram “labaredas
com mais de 30 metros, com fumos de múltiplas cores”, que “andaram 100
quilómetros em 6 horas”, ou seja, um cenário com “uma dinâmica atmosférica
estranha e nova”.
Ao jornal
online, Paulo Fernandes explica que este fenómeno não está na origem dos
incêndios mas pode ter surgido em consequência deles e
torná-los ainda mais devastadores: os fogos tornam-se “menos previsíveis, com
maior capacidade de propagação e com maior probabilidade de emitir projeções”.
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Fonte (texto e
imagens): ZAP
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